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Prose, F.. Para ler como um escritor
vb. criado em 18/08/2014, 19h55m.
F. de l. de Francine Prose, Para ler como um escritor, disponível no dropbox.
Prose, Francine (2008). Para ler como um escritor. Trad. Maria Luiza X. de A. Borges. Rio: Zahar.
index do verbete
notas
Defende a close reading, como Adler, M.. Como ler livros;
A ideia de que ler atentamente é ler procurando defeito, ler para criticar, prejudica o prazer da leitura.
As obras permanecem porque os escritores fazem as escolhas certas de palavras: escolhem a sequência de palavras que nos faz querer ler.
A escolha do nome do personagem influi na conexão emocional entre o leitor e aquele.
Duvidoso que o papel do escritor seja mostrar em vez de contar; às vezes contar é o melhor.
Alguns escritores são ótimos pelo modo que escrevem, e outros pelo que não escrevem e deixam subentendido.
frases
Gostava dos meus alunos, que eram muitas vezes tão ávidos, inteligentes e entusiásticos que levei anos para perceber quanta dificuldade tinham para ler um conto bastante simples. Quase simultaneamente, fiquei impressionada com a pouca atenção que lhes haviam ensinado a prestar à linguagem, às palavras e frases que um escritor de fato usara. Em vez disso, haviam sido estimulados a formar opiniões fortes, críticas e, com frequência, negativas sobre gênios lidos com deleite durante séculos antes de nascerem. Haviam sido instruídos a acusar ou defender esses autores, como num tribunal, com alegações relacionadas às suas origens, seus backgrounds raciais, culturais e de classe. Haviam sido estimulados a reescrever os clássicos em formas mais aceitáveis, que os autores poderiam ter descoberto, se ao menos partilhassem o nível de perspicácia, tolerância e consciência de seus jovens críticos. Não admira que meus alunos achassem tão estressante ler! E possivelmente por causa dos severos julgamentos que se sentiam na obrigação de fazer sobre personagens ficcionais e seus criadores, não pareciam gostar de ler, o que também me deixava preocupada com eles e sem saber por que queriam se tornar escritores. Perguntava a mim mesma como planejavam aprender a escrever, já que sempre pensara que os outros aprendiam, como eu o fizera, lendo.
Podemos dar por certo que, se a obra de um escritor sobreviveu ao longo de séculos, há razões para isso, explicações que nada têm a ver com uma conspiração de acadêmicos tramando para ressuscitar um exército zumbi de homens brancos mortos.
Parte da obrigação do leitor é descobrir por que certos escritores permanecem. Isso pode exigir alguma reconexão: desfazer a conexão que nos faz pensar que devemos ter uma opinião sobre o livro e reconectar esse fio ao terminal, seja ele qual for, que nos permite ver a leitura como algo capaz de nos comover ou deliciar.
Cada página foi antes uma página em branco, assim como cada palavra que aparece nela agora não esteve sempre ali – antes, reflete o resultado final de incontáveis deliberações, grandes e pequenas. Todos os elementos da boa escrita dependem da habilidade do escritor de escolher uma palavra em vez de outra. E o que prende e mantém nosso interesse tem tudo a ver com essas escolhas.
uma escolha importante que um escritor de ficção precisa fazer: a questão de como chamar seus personagens (escolher um na miríade de termos ou designações que poderiam ter estabelecido diferentes graus de distância psíquica e simpatia entre o leitor e o personagem).
ler rapidamente – voltado para a trama, para as ideias, e até para as verdades psicológicas que uma história revela – pode ser um empecilho quando as revelações cruciais estão nos espaços entre as palavras, no que foi excluído.
uma forma de mau conselho muitas vezes dados a jovens escritores – a saber, que o papel do autor é mostrar, não contar. a advertência contra o contar leva a uma confusão que faz escritores novatos pensarem que tudo deve ser dramatizado – não nos diga que um personagem está feliz, mostre-nos como ele grita “viva!” e dá pulinhos de alegria –, quando de fato a responsabilidade de mostrar deveria ser assumida pelo uso enérgico e específico da linguagem.
ENCYCLOPAEDIA V. 51-0 (11/04/2016, 10h24m.), com 2567 verbetes e 2173 imagens.
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